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RESULTADOS EXPERIMENTAIS SOBRE ATENÇÃO VISUAL

No início da década de 70, através de experiências utilizando monitoração do cérebro de macacos, surgiram evidências de que a visão não tinha um único endereço responsável pelo seu processamento no sistema nervoso central. Este único endereço era conhecido como o córtex visual. Após estas novas descobertas, o córtex visual passou a ser chamado de córtex visual primário, também conhecido como área V1, ou área 17, ou ainda, área estriada, por sua aparência estriada a olho nu.

Sabe-se hoje que existem pelo menos três caminhos enviando informações para as várias áreas do córtex visual originadas do córtex visual primário. Um deles vai diretamente para o lóbulo temporal, outro vai para o lóbulo parietal e o terceiro vai para o sulco temporal superior.

A projeção para o lóbulo temporal é responsável pelo reconhecimento de objetos, particularmente o reconhecimento e processamento de faces; o que leva a um importante mecanismo de seletividade, devido à sua complexidade. Esta projeção se inicia no córtex visual primário V1 e passa através das áreas V2, V3 e V4 do córtex visual, até chegar ao córtex infero-temporal (IT). Este caminho mostra que os neurônios estão organizados hierarquicamente de modo que em pequenos campos receptivos sejam reconhecidas características simples do estímulo visual e em grandes campos receptivos sejam reconhecidas as propriedades globais.

Portanto, na projeção para o lóbulo temporal, as respostas refletem uma considerável síntese da informação visual, e demonstram a especialização do processamento visual, onde a codificação de padrões complexos é evidente no nível de células únicas.

Experiências com animais

As experiências de J. Moran e R. Desimore com macacos treinados para prestar atenção a um entre dois estímulos apresentados, mostrou que a resposta neural depende do lugar a que se presta atenção dentro do campo receptivo.

Depois de isolarem várias células do córtex visual, enquanto o macaco estava fixando o olhar para um pequeno objeto, foram determinados seus campos receptivos, isto é, seu campo de visão associado a cada célula. Sob o fundamento das respostas neurais para barras de várias cores, orientações e tamanhos, foram determinados quais estímulos eram efetivos para ativar a célula e quais não eram efetivos. Os estímulos efetivos estavam então presentes em uma localização do campo receptivo simultaneamente com os estímulos não efetivos que estavam em outra localização. Depois de um bloco de oito a dezesseis experiências, o macaco foi induzido a mudar a atenção para outra localização. O foco da atenção do macaco foi repetidamente trocado entre as duas posições, embora os estímulos das duas localizações permanecessem os mesmos. Como as mesmas condições sensoriais foram mantidas, as diferenças das respostas neurais foram atribuídas ao efeito da atenção, concluindo que na existência de dois estímulos no campo receptivo a resposta das células é determinada pela atenção.

A área V4 é a primeira do caminho temporal sob controle do esforço da atenção. Nenhum efeito similar foi detectado nas áreas V1, V2 e V3. Estes resultados indicam que o mecanismo da atenção ajuda os neurônios da camada V4 a se decidirem entre duas respostas possíveis quando existe mais de um estímulo no campo receptivo, ocorrendo então um processo de inibição mútua dos dois estímulos processados no mesmo campo visual, pela ação dos interneurônios.